quinta-feira, 14 de outubro de 2010

momentos pouco perfeitos que fazem (também) parte das nossas (minha) vidas

Ontem comunicaste-me, a medo, que ias ter uma casa nova, (e quem sabe companhia nova também, não sei, tu não dizes) que ias fazer um quarto para o teu filho. Acho que durante os breves minutos do telefonema não respirei. Só te perguntei se achavas que estavas preparado para cuidar do teu filho sem a ajuda dos teus pais, tu disseste que sim, eu acho que não. 

Ontem voltei a chorar. 
Não chorei por mim.
Não chorei por ti.
Não chorei por nós.
Chorei pelo meu filho.
Chorei pela família que o meu filho merecia e que não vai ter.
Chorei por ter sonhado que o meu filho cresceria rodeado pelo amor da mãe e do pai.
Chorei porque não queria nada que o meu filho se dividisse em dois pais e duas mães.
Por ter errado, ao decidir ter este filho contigo. Por ter errado ao ter este filho contigo, por ter errado ao ter este filho contigo.

Houve alguém que  me disse que eu não era tão mãe-galinha como ela, que não permitiria que o filho estivesse tantas vezes com pai, como eu permito. Engana-se, sou tanto ou mais mãe-galinha. Só quem tem de "dividir" o amor do filho desta maneira sabe o que sofre quando é obrigada a deixar de ser mãe-galinha, quando não pode ser sempre mãe-galinha, quando acredita que separar-se do filho para que este conviva com o pai é a maior demonstração de amor que lhe pode dar.